terça-feira, 27 de outubro de 2009

Considerações sobre conteúdo aqui disposto.

Tendo em vista as incursões que tenho feito em certas áreas de estudo relacionados a linguagem e nas reuniões do GEAD (Grupo de Análise do Discurso)da UFOP, pensei em uma maneira de compartilhar os estudos que tem sido feitos com interessados nas áreas que se relacionam com a linguagem deixando disponível textos e artigos produzidos por alunos e demais interessados.
O grande crescimento das mídias de divulgação tem se desenvolvido de maneira intensa em todo o mundo, fato proporcionado devido ao desenvolvimento tecnológico de nossa era, fato que me levou a utilizar como suporte este blog, devido ao privilégio do fácil acesso. Não querendo estender mais a ladainha dou abertura, ou melhor seria uma reabertura as postagens com um resumo sobre os objetivos e domínios da pragmática.
OBS: As postagens estão abertas aos alunos que estiverem dispostos a contribuir.

UNIVERSIADE FEDERAL DE OURO PRETO – ICHS – DELET
PRAGMÁTICA – LET 522
Profº William A. Menezes
Marcos Vieira de Queiroz

RESUMO: O objetivo e o domínio da pragmática. PARRET, H. Enunciação e Pragmática; Campinas: Unicamp 1989.

O termo pragmática abrange disciplinas, orientações e disciplinas diferenciadas além de seus correlatos sintaxe e semântica. Essas outras disciplinas parecem tão distintas que seu sentidos chega a parecer vazio e o próprio termo inútil. É com o intuito de delimitar o campo de atuação da pragmática que PARRET distingue quais são suas orientações representativas, enumerando em seguida caracteres comuns de uma atitude pragmática dentro da linguagem e dos sistemas de signos, provando assim a utilidade do termo e seu caráter operacional, e por final, faz um esboço diacrônico do termo com suas interpretações minimalistas e maximalistas.
PARRET distingue cinco tipos de contextos com correspondência na pragmática, pois o modo mais fácil de se classificar tipos de pragmática é olhar os tipos de contextos que são considerados relevantes para uma descrição e explicação ao discurso e de outras seqüências semióticas.

Pragmática do texto (o co-texto como contexto)
O co-texto funciona como contexto de decodificação, pois vai além das relações anafóricas entre sentenças e além das relações de co-referência entre proposições. O co-texto reconstrói a coerência e coesão dos textos como um “macrossistema gramatical” que habilita o interprete, o receptor e o leitor para descobrir a significância dessas macrounidades. Faz relação aos demais contextos possíveis com referenciações que estão inseridas na própria sentença.

Pragmática lógica (contexto existencial)
Deslocando-se da semântica para a pragmática de forma que quem fala e quem compreende (o ‘receptor”) e sua localização espaço temporal sejam consideradas como sendo índices do contexto existencial. Esses índices (Benveniste, 1966) ou categorias dêiticas (pessoa, tempo, espaço), na descrição dos sentidos nas expressões lingüísticas o que leva a uma pragmática indicial. A pragmática indicial segundo PARRET, é tão somente um primeiro tipo de pragmática que leva em consideração a relevância da relação com o contexto existencial. Um outro tipo propõe a proliferação dos “mundos possíveis”, ou seja, não só o mundo real mas todos os mundos possíveis podem ser tomados como contextos existenciais de seqüências lingüísticas.
Há o questionamento sobre autonomia e independência, atribuídos pelos lógicos modais aos contextos existenciais, reais ou possíveis, com relação ao discurso. O questionamento é fundamentado nas intermediações psicológicas sem referentes com os mundos possíveis.

Pragmática orientada sociologicamente (pragmática situacional)
As situações enquanto contextos são uma classe ampla de determinantes sociais ou sociológicas. Pode consistir no cenário social das instituições (tribunal, hospital, sala de aula) ou nos ambientes do dia-a-dia (restaurantes, lojas) com suas regras de conversão especifica e suas rotinas intelectuais próprias. Contextos onde as instituições e hierarquias sociais determinam o conteúdo de determinadas seqüências lingüísticas. Essas determinantes dão forma principalmente as propriedades convencionais de unidades textuais amplas, e as estruturas argumentativas e persuasivas do discurso.

Teoria dos atos de fala (contexto acional)
Um dos pontos centrais da perspectiva pragmática que a teoria dos atos de fala corporifica é que a ação lingüística é uma ação intencional. O falante tem intenções especificas e pretende, além do mais, que sejam reconhecidas. “A transmissão de intenções particulares fica portanto subordinada a uma intenção geral de comunicação”. Se, por um lado, os atos de fala são ações intencionais, sujeitos a condições de comunicabilidade, por outro lado eles excedem o paradigma acional. Esse excedente esta relacionado com a interação lingüística, que complementa a teoria acional dos atos de fala.

Pragmática orientada psicologicamente (contexto psicológico)
As intenções, as crenças e desejos são encarados como estado mentais que são responsáveis por programas de ação ou interação. O motivo pelo qual essas categorias – mentais e psicológicas – foram incorporadas na teoria pragmática da língua, se deve ao fato das considerações do discurso como ação, e os atos de fala condicionados intencionalmente, daí a busca pelas intenções no contexto psicológico.
O contexto psicológico, tal como é relevante para a pragmática, não é a “vida da mente” em sua totalidade – usando uma metáfora perigosa, diz PARRET – mas somente aquela parte da atividade mental que se realiza em procedimentos de produção e compreensão de processos lingüísticos determinados gramaticalmente.

Dessa forma, os tipos que assim se distinguem constantemente se confundem, e sua taxionomia é inclusive incompleta. Mas ainda assim, como noção genérica, o termo pragmática pode ser empregado adequadamente, porque indica uma perspectiva especifica e uma atividade reconhecível com respeito a língua e a outros sistemas de signos.